sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os pais não têm que ser perfeitos

Já repararam naquela mãe da publicidade de um detergente qualquer, que recebe o filho com um sorriso quando este chega a casa com a T-shirt suja de lama? Que mãe perfeita... Como é que reagiriam vocês? Provavelmente ficariam zangados de ver a T-shirt tão suja e se estivessem sem paciência como muitas vezes acontece, levantariam a voz ou colocariam o pequeno de castigo... 
Existem prateleiras cheias de conselhos de como Educar, temos muito para ler e analisar... mas quando alguma coisa corre de forma diferente daquela que lemos e acreditamos,  quando por um momento fizemos o que achamos que está errado, surgem as dúvidas sobre as nossas qualificações educacionais, batendo fundo na nossa auto-estima.
Como pais estamos constantemente a reflectir e a questionar a forma como educamos os nossos filhos e muito frequentemente ficamos agarrados à pretensão de sermos perfeitos. No entanto, esquecemos-nos que perfeito pode talvez ser uma casa, um carro, mas um Homem é um Ser não lapidado, que comete falhas, que tem alterações de humor... É assim que são os pais e é assim que são os filhos... não somos perfeitos.
Numa pequena família encontramos diferentes personalidades, características, limitações... e esta é uma boa comunidade quando todos os pequenos erros humanos que  possam acontecer não a venham a ferir num todo. A vida é nesta situação a oportunidade de crescer juntos.
Como seria aborrecida uma família de pessoas perfeitas!! Crianças que não conhecem a palavra "não" mas que sabem estar e obedecer aos pais. E pais sempre a sorrir e equilibrados, sempre pedagogicamente correctos. Respondendo as desavenças dos filhos de forma compreensiva, sendo bem sucedidos profissionalmente e conseguirem organizar a casa sem falhas. Que família esta sem vida... sem conquistas... sem desafios...
Porque temos tanto medo de errar? Porque esperamos tanto de nós, querendo alcançar o perfeccionismo?
Talvez porque o mundo em que vivemos se tornou num mundo de possibilidades e aparências, frequentemente vemos nos média vedetas, às quais as imperfeições físicas são corrigidas cirurgicamente, para cada problema parece haver sempre uma solução simples. Só nós mesmos, com as nossas dores e imperfeições, parecemos não encaixar neste mundo perfeito.
Os pais que se sentem na obrigação de serem perfeitos esperam também ter filhos perfeitos. Ter uma criança que só traga boas notas para casa, que seja boa a desporto e nas aulas de piano. Estes pais guiam a criança segundo as suas expectativas sem limites e quando esta tomar o seu caminho e por qualquer motivo não corresponder as expectativas dos pais, estes sempre poderão dizer "Fizemos tudo por ti". Dizendo isto, parece que como pais estão a exigir os juros do empréstimo que o filho concedeu a alguns anos.
Todos sabemos que não somos perfeitos e que cometemos inevitavelmente falhas, será mais honesto dizer:  "Nós não conseguimos fazer tudo o que realmente queríamos. Tentámos dar-te uma boa infância mas várias vezes atingimos os nossos limites. Tivemos muitas vezes de nos chatear contigo e com nós próprios. Mas nós gostamos mesmo muito de ti". Não acham?
As crianças não precisam de pais que "fazem tudo por elas". Elas precisam antes um honesto "Estou exausta/o demais para brincar contigo", de alguém que apesar de estar do seu lado lhe mostrou o dever  burocrático. Um ambiente acolhedor, um lugar onde ser lide uns com os outros de uma forma equilibrada e relaxante, tolerância com o outro e consigo mesmo são, na minha opinião, o clima familiar que permite que a criança cresça.

Vamos dar o nosso melhor na educação dos nossos filhos tendo consciência que somos Humanos...

3 comentários:

Cora disse... [Responder Comentário]

Sim, realmente somos reais e por isso falhamos mas é na tentativa de acertar!

Sofia disse... [Responder Comentário]

@Cora

Olá Cora,
é assim mesmo... o importante é fazermos essa tentativa de acertar :)

Especialmente Gaspas disse... [Responder Comentário]

Pais que criam os filhos achando que criam seres perfeitos, às vezes chegam a uma altura da vida em que o filho faz algo "fora da linha" e depois sofrem o desgostos das suas vidas. Se calhar se tivessem um espírito mais aberto e consciente que somos seres que erram... a surpresa e o aceitar o tal: fora da linha... eram mais fáceis!

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